A Bloober Team retorna ao gênero que domina com maestria — o terror psicológico e a sobrevivência — em Cronos: The New Dawn, uma nova propriedade intelectual que se junta à linhagem de títulos marcantes do estúdio, como Layers of Fear, Blair Witch, The Medium e o recente Silent Hill 2 Remake. Aqui, o estúdio mescla o horror atmosférico com mecânicas mais pesadas de ação e sobrevivência, criando algo que parece um encontro intenso entre a franquia Dead Space e Silent Hill 2, temperado com o espírito solitário de The Mandalorian e o mistério sombrio de Stranger Things.
Logo nos primeiros minutos, Cronos: The New Dawn deixa claro que não é para os fracos. A dificuldade é elevada não apenas pela resistência brutal dos inimigos, mas também por escolhas de design que reforçam a sensação de vulnerabilidade, como uma movimentação lenta, pesada e, por vezes, punitiva (faria muito bem aqui uma mecânica de esquiva, como em The Callisto Protocol - pena que não implementaram essa ideia).
O combate corpo a corpo, embora possível, raramente é confortável - e isso se evidencia pela dificuldade em geral, já que a protagonista é lenta, vulnerável, e suas armas — poucas, mas significativas — parecem mais ferramentas de sobrevivência do que instrumentos de poder. Derrotar um inimigo exige paciência e precisão, e a sensação de perigo é constante!
Falando nas ferramentas, o inventário limitado adiciona mais uma camada de tensão: tudo ocupa espaço, e o jogador precisa constantemente decidir o que carregar. Há baús nas zonas seguras - tipo Resident Evil - para armazenar itens, mas mesmo assim a logística de sobrevivência é parte crucial (e dolorosa) da experiência, já que essas zonas seguras também funcionam como checkpoints e centrais de save, locais de respiro onde é possível comprar itens e realizar upgrades.
A protagonista, conhecida apenas como “A Viajante ND-3576”, é uma figura enigmática, quase mítica. Sua aparência e postura remetem a uma Mandaloriana perdida em um planeta amaldiçoado, atravessando cenários labirínticos e decadentes — corredores metálicos tomados por sangue, ruínas de locais abandonados, vielas encobertas por névoa e silêncio — sempre em busca de respostas sobre o colapso que destruiu aquele mundo, em uma Polônia na década de 1980.
A história é contada em fragmentos, através de gravações, visões e documentos que você terá que ter muita paciência para ler, revelando aos poucos uma trama extremamente complexa (e super viajada!!) que envolve doença, cientistas, médicos, devastação e até elementos de viagem no tempo. Mas mesmo com toda essa bagunça narrativa, a trilha sonora merece destaque: sua ausência em partes do jogo amplifica o desconforto e o suspense, enquanto músicas surgem em momentos-chave, evocando o mesmo estilo nostálgico sombrio presente em Stranger Things.
Cronos: The New Dawn tem três finais, dois definidos por uma escolha sua e outro (o verdadeiro, ou final bom, como preferir) jogando o New Game+. Para quem optar por jogar no PC, o jogo ainda oferece um campo fértil para personalização, pois vários mods disponíveis pela comunidade podem alterar drasticamente a experiência — como aumentar a velocidade da personagem, suavizar a dificuldade dos inimigos ou até eliminar as restrições do inventário!
No fim, Cronos: The New Dawn é um jogo que exige entrega. É difícil, lento, e por vezes frustrante — mas também profundamente atmosférico, tenso e recompensador para quem aprecia o terror com camadas narrativas e ambientação densa. A Bloober Team mais uma vez se esforça para criar mundos sombrios e inquietantes, historias viajadas, aonde o medo não vem apenas dos monstros, mas do peso de sobreviver em meio ao caos.
CRONOS: THE NEW DAWN está disponível para PS5, XBOX Series X e S, Windows (Steam e Epic Games Store) e Nintendo Switch 2

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