FIGHTING FANTASY: É livro ou é jogo?

Capa do livro Warlock of Firetop Mountain / Divulgação / Fighting Fantasy

O mundo nerd tem sua própria cultura, apesar de abraçar muito da chamada “cultura popular”, mas é claro que, ao identificar certos símbolos, os associamos diretamente a algo “nerd” ou “geek”.

Dentre estes elementos geeks, os livros sempre estiveram presentes, dada a antiguidade do suporte para contar histórias. Os mais antigos só tinham eles no princípio, até que mais elementos fossem surgindo ao longo das décadas. 

Jogos também são uma parte essencial desta cultura, que vão desde os jogos eletrônicos tão populares hoje em dia até os jogos analógicos, como os populares board games, ou os RPGs de mesa.

É no encontro destes dois mundos que surge uma importante série de "livros jogos", o Fighting Fantasy, unindo elementos de fantasia com semelhanças às mecânicas de RPG com nossos adorados livros. Criada pelos ingleses Steve Jackson e Ian Linvingstone o primeiro título da série, “O feiticeiro da montanha de fogo”, foi lançado em 1982. Há outro escritor nerd chamado Steve Jackson, sendo este americano e responsável pela criação do sistema de RPG GURPS, que também já escreveu para Figthing Fantasy.

A ideia de ter um livro onde escolhas moldam o rumo da história com certeza já existia antes da criação de FF (favor, não confundir com Final Fantasy). Talvez seja possível rastrear quem foi o primeiro a fazê-lo, mas aqui, iremos nos ater a parte nerd, FF trouxe fichas de personagens, mundos fantásticos e o uso de dados, então iremos usá-la como nossa base.

A série chegou ao Brasil em 1990, com o título de “Aventuras Fantásticas”, publicado pela Marques Saraiva. Para nós, o primeiro título publicado, na verdade, é o segundo da série “Cidade do Caos”. 

Estas edições mais antigas ainda podem ser achadas com certa facilidade, caso queira colecionar, mas faltam alguns volumes que não chegaram em português na época, então caso lhe incomode ter a coleção incompleta, recomendo pegar as edições antigas em inglês. Atualmente a série é publicada no Brasil pela Jambô Editora, com títulos que antes eram inéditos por aqui. Estas versões são pequenas, facilitando a portabilidade e são baratas e fáceis de encontrar, é o ideal para os novatos no gênero ou na série.

Mas no fim das contas, como funciona isso? Acredito que ainda possa estar difícil de entender como se joga, então vamos lá. Para simplificar, basicamente você precisa de: dois dados de 6 lados, papel e algo para riscar e o livro, sendo que até os dados podem ser substituídos, pois os livros, mantêm marcações aleatórias de valores de dados nas páginas, para caso você esteja sem eles.

Você cria seu personagem com base nas regras, classe (nem sempre há mais de uma como opção) e na aleatoriedade dos dados, então lê a história, até que chegue o momento de uma escolha, nestes momentos a história salta ou retorna páginas, conforme a indicação proveniente de sua escolha, o processo vai se repetir até que seu personagem morra ou você vença o jogo, provável que a primeira opção ocorra com frequência em suas primeiras tentativas, a dica que os mais experientes passam, é montar um mapa com as escolhas, assim sempre que morrer, terá um caminho mais claro para a próxima jogada.

Exemplo de funcionamento do mapa, você pode desenhar de fato caminhos, ou simplesmente anotar se a decisão é boa e onde leva, talvez usar códigos como A e B, vai de cada um.

Ainda em FF, apesar de ser focada majoritariamente em fantasia medieval, há outras temáticas de aventuras, como sci-fi, diesel punk no estilo Mad Max e vampiros, os livros de fantasia se passam no mesmo mundo geralmente e algumas referências podem ser captadas caso você tenha jogado outros títulos, no entanto, você pode começar por onde quiser, pois os livros em maioria são autocontidos, recomendo que pesquisem um pouco sobre a dificuldade para facilitar a escolha e que evitem livros onde se joga com magos a princípio, pois esses deixam o jogo um tanto mais complexo (recomendação que me foi dada por mais experientes).

Trailer da adaptação de "Sorcery!" para vídeo game.

Destaco a série dividida em quatro partes Sorcery!, ela faz parte de Figthing Fantasy, mas está fora dos volumes numerados, o sistema de magia é bem interessante, são 48 magias formadas por palavras de 3 letras, quando é possível usá-las aparecem uma seleção de algumas palavras (incorretas inclusive), para você escolher e ter sucesso ou não, o objetivo é que você as decore como se fossem encantamentos mesmo. Infelizmente ainda não joguei estes, mas pretendo fazer quanto antes.

Há outras várias publicações e autores de livros jogos, inclusive nacionais, mas sou novo neste mundo e não fui muito além de FF (por hora), então recomendo que pesquisem e engajem com estas publicações.

Há uma versão com interface digital da série para Steam, aparentemente funciona como os livros, então caso prefira assim, fica a recomendação para conhecer.

Atualmente, estamos cada vez mais ansiosos e mais conectados a internet, em uma relação que exponencialmente influência uma questão com a outra, então é legal ter este tipo de hobby que funciona offline, é leitura, é jogo também, é desafiador e divertido, serve para matar a saudade da sua mesa de RPG quando você se afasta na vida adulta, é praticamente uma aventura solo. Não há contra indicações, inclusive me parece uma ótima atividade para crianças, vale uma pesquisa mais aprofundada e talvez títulos mais simples nesse caso, de todo modo, joguem.

Usei como fonte este artigo, a Wikipedia em português e muito do que aprendi sobre a série foi no canal Cachimbo Filosofal, é de um professor que coleciona a série, recomendo muito para iniciantes e fãs.

Futuramente pretendo fazer análise de títulos específicos, então caso tenha se interessado, volte aqui outras vezes.

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