DISPATCH: Uma excelente aventura narrativa de super-heróis em 2025!

Logo do jogo Dispatch - Divulgação / Adhoc Studio / Critical Role

ATENÇÃO: SPOILERS DE DISPATCH (ADHOC STUDIO, 2025)

AVISO: DISPATCH É UM JOGO VOLTADO PARA O PÚBLICO ADULTO, COM CONTEÚDO PARA MAIORES DE 18 ANOS


Sim, eu sei que tivemos histórias incríveis de super-heróis em 2025: Superman certamente foi um dos melhores filmes do ano; Thunderbolts* superou exponencialmente minhas expectativas; Demolidor: Renascido foi ideal para os órfãos da série original; Quarteto Fantástico: Primeiros Passos foi um início competente para a equipe dentro do MCU; As novas temporadas de Gen V, Pacificador e Invencível também foram agradáveis e Capitão América: Admirável Mundo Novo… existe.


Porém, mesmo com tantas produções audiovisuais recheados de protetores da justiça encapuzados e vestindo collant neste ano, pouquíssimas delas conseguiu alcançar o escopo e a adoração que Dispatch têm recebido apenas neste último mês, transformando um lançamento singelo e desconhecido por muitos em um jogo competente, simples, cativante e visualmente encantador que já vendeu mais de 1 milhão de cópias só 10 dias depois de chegar ao público. Estamos anunciando aqui no blog sobre a existência deste jogo desde Abril, e mesmo que a gente soubesse lá no fundo que ele seria um sucesso, ninguém esperava que fosse se tornar algo tão querido em tão pouco tempo - criando uma comunidade de fãs ávidos à sua proposta narrativa e que já estão pedindo por continuações!


E é justamente na proposta narrativa onde a gente começa a entender que Dispatch arrasou em todos os sentidos: A junção da Critical Role com a equipe da Adhoc Studios foi o que certamente consolidou o sucesso deste jogo, trazendo uma história simples, mas feita com total dedicação para entregar algo abrangente e agradável em todos os seus finais, o que pode ser confirmado pela satisfação dos fãs em suas gameplays e a vontade de conhecer mais dos personagens principais e deste rico universo que merece ser mais explorado!


Já no final do primeiro capítulo, o jogo cativa o público ao adentrar num mundo contemporâneo totalmente inédito de super-seres corporativos e sacanas (algo que mistura muito a vertente profissional de My Hero Academia com a violência e o “nonsense” de The Boys), trazendo um universo animado com perfeição e recheado de heróis e vilões moralmente duvidosos com poderes já reconhecidos pelo público geek, mas que são apresentados de forma caricata e despretensiosa ao jogador - o que funciona totalmente, já que muitos heróis possuem habilidades simples, das quais você terá de usufruir ao máximo para ganhar nas sequências de despache no jogo.


Imagem oficial do jogo Dispatch, mostrando personagem Robert Robertson III entrando na armadura Homem-Meca - Divulgação / Adhoc Studios / Critical Role

Falando em personagens, este sim é um dos pontos altos do jogo! Quando percebemos que controlamos um dos maiores heróis deste universo em uma história conturbada, humana e recheada de possibilidades, torna-se extremamente fácil você se empatizar e se pôr no lugar de Robert Robertson III, um homem normal que seguiu o legado da família como o herói de armadura tecnológica Homem-Meca, lutando para proteger o povo de Los Angeles e se vingar de Mortalha, o arqui-inimigo que matou seu pai. Terminando o primeiro episódio com a perda de sua armadura e a necessidade de trabalhar como despachante de uma equipe de super-vilões para retornar à ação, todos conseguimos ver claramente a história profunda e pessoal que passaremos no papel de Robert, alguém que ainda consegue ver a profissão e o legado de ser um herói com nobreza e bravura - mesmo sendo um humano sem poderes, sarcástico, endividado, recheado de humor depreciativo e com severos problemas psicológicos.


E na busca por um resultado que satisfaça a todos, os roteiristas trazem uma jornada recheada de momentos de humor e descontração sem perder a importância na hora de uma escolha moralmente decisiva, como demitir um membro da nossa equipe ou decidir quem será enviado para qual emergência. Durante as conversas entre despachante e seres superpoderosos, trilhamos o caminho de Robert com diversas opções que não se contrapõem muito com a visão que os desenvolvedores mantiveram ao seu personagem: Seja você um enorme cuzão ou alguém que decide sempre fazer o certo, todas as escolhas parecem ser narrativamente viáveis e algo que Robert  - em qualquer linha temporal - faria de forma crível e com total convicção.


Robert pode ser um excelente protagonista, mas as duas personagens principais com opção de envolvimento romântico também são maravilhosas: Loira Luminar é uma heroína brilhante e extremamente poderosa, mas traz consigo uma aura bondosa e amigável em qualquer situação - junto de um “dialeto corporativo” bem evidente, proporcionando um relacionamento saudável e bem Safe For Work em suas escolhas. Por outro lado, Invisiva é o “pedaço de mal caminho” pelo qual qualquer herói arriscaria sua vida, igualando-se constantemente com o humor ácido e sarcástico de Robert - nos entregando um relacionamento passível de uma visita ao RH.


Mesmo assim, por trás de seu exterior gótico e “bad vibes”, conseguimos descobrir cada vez mais sobre Invisiva no decorrer dos episódios, tornando uma vilã rebelde e despreocupada numa heroína com um passado complicado e um futuro esperançoso, numa mercenária que decidiu se distanciar de todos ou num relacionamento amoroso que pode se tornar algo bem promissor e saudável - e claro, ela também culmina em um debate moral importante para a narrativa do jogo, trazendo os temas de destino, legado, escolhas de vida, aceitação, heroísmo e o ato de se responsabilizar por suas ações em diversos momentos da aventura.


Luminar pode ter iniciado essa história e ser uma incrível personagem, mas a presença de Robert no desenvolvimento moral da Invisiva é a cola que une os episódios e a trama do jogo, queira você se apaixonar por elas ou não. 


Recorte de cena de escolha do jogo Dispatch - Divulgação / Adhoc Studios / Critical Role / Steam

Mas não é apenas de relacionamentos amorosos que o jogo se sustenta (mesmo sendo óbvio que isso foi algo que atiçou a curiosidade dos gamers): a construção do restante do elenco é Fenomenal (piada intencional) e cada um atua em seu devido papel ao realizarmos escolhas que estruturam nossa equipe de heróis desajustados. 


Desde entregar um café à salvar um bebê kaiju de uma frota de vilões, a jogabilidade do despache durante a aventura pode parecer um enorme filler, mas com o decorrer dos episódios vemos que a distribuição dos pontos de habilidades entre os heróis, a sinergia entre membros de equipe, a adição de novos poderes e o subsequente aprimoramento de suas estatísticas modificam severamente as narrativas do final do jogo, e cada personagem que escolhemos para exercer os chamados da cidade são essenciais para chegar ao caminho que o jogador quiser seguir.


Porém, mesmo com vários finais disponíveis e tantas versões possíveis para seu time de heróis, é impossível você não se apaixonar por TODOS os integrantes da Equipe Z (que se transformam em uma família postiça e bem unida): Golpe Baixo é hilário em todos os seus maneirismos como fortão de circo, bigodudo e minúsculo, sendo de grande ajuda em uma briga séria; Flambae é um péssimo cantor e um cuzão, mas ele ainda consegue aquecer nossos corações - e sempre é legal ficar pegando no pé dele; Prisma é uma artista reluzente e uma diva cativante, sempre recheada de palavrões e luzes para soltar em todas as oportunidades; Golem pode não parecer ser muita coisa, mas ele é um construto bem consciente, compreensível e carismático; Malévola é perfeita, sendo uma demônia atenciosa, descolada e destrutiva (no bom sentido); Coupé pode não falar muito, mas sua maestria com lâminas e sua paixão por romances bregas descreve perfeitamente sua personagem; Sonar é só um morcegão “macho alfa” ridiculamente tosco e hilário, mas sua inteligência e seu sarcasmo mais do que compensam por isso; Aquaboy pode ser o “saco de pancadas” da equipe, mas sua determinação inabalável para ser um herói é adorável; E por último, Fenomenomem é o Super-Homem deste universo, mas sua depressão severa torna este herói em algo inovador e que pouco vemos no arquétipo de Kal-El alternativo (como Capitão Pátria e Omni-Man).


Trailer de lançamento de Dispatch - Reprodução / Youtube / PlayStation / Adhoc Studios

E claro, não dá para falar deste elenco de peso sem vangloriar os dubladores deste jogo: Aaron Paul (Breaking Bad) como o protagonista Robert e Jeffrey Wright (The Batman) como o velhinho Chase são os principais destaque para a dublagem, trazendo atores renomados à uma atuação de voz que vai além de tudo o que já vimos deles, merecendo total reconhecimento em quaisquer premiações futuras que eles sejam (e deveriam ser) nomeados. A dubladora Erin Yvette (Final Fantasy VII - Rebirth) também traz vida à Loira Luminar, proporcionando muita expertise e reforço ao elenco, que está recheado de pessoas das mais distintas vertentes artísticas: Laura Bailey (Invisiva), Travis Willingham (Fenomenomem) e Matt Mercer (Mortalha) do Critical Role são, como sempre, incríveis dubladores e storytellers; os youtubers Jacksepticeye (Golpe Baixo), MoistCr1TiKaL (Sonar), Joel Haver (Aquaboy) e Alanah Pearce (Malévola) fizeram uma excelente interpretação de seus personagens; os cantores Yung Gravy (Golem) e THOT SQUAD (Prisma), assim como os comediantes Lance Cantstopolis (Flambae) e Nimesh Patel (Galen) também deram tudo de si e mostraram que conseguem fazer um trabalho impecável fora de suas zonas de conforto. Para se ter uma noção, o elenco do jogo é tão diverso que temos roteiristas do jogo participando da atuação (Mayanna Berrin, no papel de Coupé) e até a presença de um dos dublês de Dwayne “The Rock” Johnson (Tanoai Reed, no papel de Royd)!


Obviamente o jogo é excelente, mas nada é totalmente perfeito: este que vos fala, como redator do blog e como alguém que já jogou outros games da falecida Telltale Games, vejo que o produto da Adhoc trouxe uma forma bem básica de escolhas e desenvolvimento narrativo - diferente do que outros jogos já disponibilizaram anteriormente, como The Walking Dead: A Telltale Series e Batman: The Telltale Series, que podem ter trazido um pouco mais de seriedade nos momentos de escolhas definitivas para suas histórias no geral. Outro ponto que estes jogos fazem melhor do que Dispatch (em minha humilde opinião) é fornecer mais opções de diálogos que, apesar de não serem moralmente importantes, servem como perguntas de múltipla escolha que ajudam no aprofundamento do universo que o jogo opta por estabelecer.


Também poderiam existir momentos da gameplay onde eu poderia explorar mais o cenário da Rede de Expedição de Super-heróis, permitindo a mobilidade do protagonista em mapas fechados e com múltiplas opções de interação, como em Back to the Future: The Game - ou num exemplo mais recente, como a área do Esconderijo no menu principal do jogo Hi-Fi Rush (quem já jogou, deve saber do que estou falando). Por conta dessas sugestões que já se tornaram clássicos em jogos deste gênero, há momentos em que o jogo se parece pouco com um jogo e mais com uma maravilhosa série animada que precisa ser assistida diversas vezes na tentativa de alcançar a platina, e isso pode sim ser cansativo para alguém que já esperou um mês inteiro só para jogar ao menos uma única vez.


Mesmo com isso em mente e com uma semana depois de sua conclusão, o jogo cativou o coração de muitas pessoas ao tratar seus personagens de forma realista e maleável, trazendo uma pitada de humanidade e (certa) profundidade que a equipe da Critical Role consegue fazer com maestria há anos, especialmente em suas aclamadas aventuras de RPG. Juntando isso à uma história promissora e redigida com dedicação e carinho pela equipe da Adhoc Studios, além de um estilo visual cartunesco e agradável; uma animação simplesmente perfeita; um universo mundano e rico em possibilidades além do que já foi apresentado; uma jogabilidade simples mas engajada em permitir que o jogador aceite seu próprio caminho e aposte com as estatísticas de cada capítulo; um competente desenvolvimento amoroso e muitos momentos divertidos entre seu elenco recheado de estrelas - tudo isso com um preço bem acessível -, torna-se evidente que o sucesso de Dispatch era nada menos do que inevitável.


DISPATCH está disponível para PS5 e para PC


E vocês, já conseguiram completar Dispatch? Gostaram da proposta do jogo? Gostaríamos de saber o que vocês acharam do nosso conteúdo, então deixe seus comentários abaixo! Não se esqueça de acompanhar o restante do nosso conteúdo do blog!

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