Hoje, dia 27 de Setembro, marca o décimo aniversário de lançamento do jogo LEGO Dimensions, um videogame do qual eu sempre defenderei, com unhas e dentes, que foi uma das jogadas mais inteligentes (e talvez a mais fácil) que a LEGO já realizou em sua trajetória - e também uma das jogadas mais sacanas e mais caras que todo o mercado de jogos eletrônicos presenciou nos últimos anos, podendo se tornar mais um projeto totalmente abandonado pela falta de suporte das próximas gerações de videogames.
Resumindo a trajetória inicial do jogo, LEGO Dimensions foi a tentativa da TT Games (antiga Traveller’s Tale Games), da Warner Bros. Games e da LEGO de entrar no mercado de jogos Toys To Life (como Disney Infinity, Skylanders e Amiibo), só que usufruindo das minifiguras clássicas da LEGO ao invés de estatuetas colecionáveis (como a Nintendo ainda faz até hoje, com os Amiibos). Servindo como um jogo extremamente divertido e revolucionário ao mesclar a jogabilidade clássica da TT Games e o humor familiar da LEGO com tantas franquias distintas ao mesmo tempo (se tornando verdadeiramente um multiverso LEGO), o jogo teve uma excelente recepção do público, com muitos considerando-o como a melhor experiência de LEGO possível na época!
A história do jogo, por se tratar da LEGO, é bem simples: um vilão intergaláctico chamado de Lorde Vortech encontra um espaço desértico chamado de Fundação Primal, sendo este o centro da criação de todo o multiverso LEGO. Ao chegar lá, Vortech inicia seu plano de recrutar os maiores vilões do multiverso para capturar os Elementos da Fundação - peças específicas que, quando unificadas, podem permitir que você recrie tudo o que já foi criado. Nesse plano mirabolante de fazer os universos se colidirem, Vortech acidentalmente captura Robin (da DC), Frodo Bolseiro (de O Senhor dos Aneis) e o pirata Barba de Ferro (do filme Uma Aventura LEGO), o que incentiva na união do Batman, da MegaEstilo e de Gandalf, o Cinzento, formando um trio inesperado de viajantes dimensionais em uma missão para salvar seus amigos, recuperar os Elementos da Fundação e acabar com os planos de Vortech.
Para realizar essas viagens através das dimensões, o trio usa o Portal LEGO, um portão circular feito inteiramente de LEGO que também é uma das principais mecânicas do jogo, pois enquanto você constroi o Portal LEGO, você adiciona peças específicas à sua estrutura que lhe permite dar poderes especiais aos personagens em quebra-cabeças específicos, como mudança de tamanho, manipulação de poderes elementais, teletransporte e muitos outros. Apesar de ser uma plataforma para você acessar seus personagens jogáveis, o Portal LEGO serve também como um tabuleiro de jogo, um controle secundário e uma forma de acessar as 30 franquias presentes no jogo final, como Doctor Who, De Volta Para o Futuro, Caça-Fantasmas, Harry Potter, Jurassic World, Os Simpsons, LEGO Ninjago, Missão: Impossível, Os Goonies, Portal 2, Scooby-Doo!, As Meninas Super-Poderosas, O Mágico de Oz, Esquadrão Classe-A, Hora de Aventura e muitos outros!
Por ser um jogo Toys To Life, você comprava e montava tudo fisicamente: o portal de ativação do jogo, os personagens jogáveis e os veículos que cada um possuía eram adquiridos em vida real como sets da LEGO. O jogo base (que estava disponível para PlayStation 3 e 4, XBOX 360, XBOX One e o Nintendo Wii U) te dava direito à campanha de história, ao Portal LEGO, às 3 minifiguras iniciais (os já mencionados Batman, MegaEstilo e Gandalf) e um veículo, que era o Batmóvel. Cada minifigura te permitia acesso à seu respectivo Mundo de Aventura, uma espécie de hub world baseado na franquia de cada personagem e permitindo que todas as 30 propriedades intelectuais tivessem algum tipo de conteúdo adicional a ser explorado no jogo, o que trazia certa longevidade ao videogame depois da campanha principal ser concluída.
E por fim, outro fator que te permite mudar completamente a jogabilidade eram os veículos montáveis. Por serem feitos de peças reais de LEGO, cada veículo poderia ser remontado (na versão física e no jogo) em outras duas formações, permitindo muita variedade de elementos e aquisição de atributos especiais para cada um deles, como novas cores, novas habilidades, mudança no tipo de veículo (como terrestre, aéreo ou aquático), maior resistência à danos, etc. Todos esses 3 elementos - o Portal LEGO, os veículos montáveis e os Mundos de Aventura - serviam como “a cereja do bolo” da TT Games para diferenciar o jogo dos demais concorrentes, algo que foi apenas alavancado com o segundo ano de LEGO Dimensions, que trouxe também campos de party games e novas campanhas baseadas em franquias alternativas.
Entretanto, mesmo com uma ideia tão bem elaborada e com um futuro tão promissor, LEGO Dimensions teve dois pontos extremamente negativos que atuaram constantemente contra o jogo: a subsequente morte do gênero de videogames Toys To Life (já que a produção do jogo era bem cara e o retorno não vinha da forma esperada para as desenvolvedoras, chegando ao ponto de que muitos deles já não existem mais - tirando os Amiibos) e claro, o alto preço dos produtos LEGO. Se um set da LEGO normalmente já está em um valor exageradamente alto (na casa dos 500 reais ou mais para algo “aceitável”), imagina gastar um preço similar há 10 anos atrás por um número extremamente menor de peças - e que vai servir apenas como uma pequena parte de um extenso jogo digital! A versão base era praticamente 20% da experiência completa de LEGO Dimensions (se contarmos apenas com o conteúdo do Ano 1) e cada pacote de minifiguras novas servia como uma DLC superfaturada que você dificilmente encontrava em qualquer loja (até por isso o jogo jamais saiu da bolha estado-unidense, nunca chegando oficialmente ao Brasil).
Eu amo LEGO Dimensions? Sim, pois como fã, esta foi a primeira vez que algumas das minhas franquias favoritas apareciam juntas de forma oficial, como Doctor Who, DC Comics, Sonic The Hedgehog, A Super Máquina, Harry Potter, De Volta Para o Futuro, E.T. O Extraterrestre e muitas outras. Eu vou defender esse jogo? Sim, ao menos onde ele merece ser defendido, por ser um dos jogos da era de ouro da LEGO e pelos saltos enormes que eles tentaram dar nesta loucura multiversal. Mas o jogo é falho em diversos aspectos - especialmente com diversos bugs que chegaram na adição do Ano 2 - e sinceramente, foi uma aposta muito alta em um período inoportuno, já que a chegada de LEGO Dimensions marcaria o último respiro do gênero Toys To Life como um dia o conhecemos.
Talvez existisse alguma forma do jogo ser mais acessível para todos, mas isso infelizmente não rolou, e LEGO Dimensions - que foi sim uma das apostas mais certeiras e promissores da TT Games, da WB Games e da LEGO - não teve nem tempo de ser devidamente apreciado, antes de ser (quase) completamente esquecido. O que resta - para aqueles que compraram o jogo e possuem uma extensa coleção de minifiguras, como eu - é jogar e jogar o que já temos, antes que a empresa decida transformá-lo em mais um videogame totalmente abandonado pelos avanços das próximas gerações de consoles.
LEGO DIMENSIONS foi lançado para PS3, PS4, XBOX 360, XBOX One e Nintendo Wii U.
Vocês conheciam LEGO Dimensions? Já chegaram a jogar algo da LEGO ou da TT Games? Gostaríamos de saber o que vocês acharam do nosso conteúdo, então deixe seus comentários abaixo! Não se esqueça de acompanhar o restante do nosso conteúdo do blog!
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